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A hitória sem nome

Bianca havia tornado-se prostituta por dois motivos. O primeiro deles, algumas pessoas chamam de picaretagem mas eu realmente acredito na falta de opção. Uma moça bonita com poucos referenciais louváveis, não teve pai e é difícil falar sobre sua mãe. Era uma perdida na vida até que veio para a capital e, aos 13 anos, sem ter aonde morar, foi aconselhada a pedir abrigo em um bordel.

O leitor deve estar se perguntando qual é o segundo motivo para que Bianca seguisse o caminho obscuro da prostituição. Eu posso afirmar que ele é ainda mais absurdo, nenhuma prostituta poderia sentir isso, é uma fronta para qualquer pessoa que possui sentimentos  saber que a escória da sociedade também os tem. Na verdade é preciso pensar como ela pensa e ver o que ela vê para entender o quanto Bianca sentia-se vazia de sentimentos, e para ela, assim também era o mundo, então, ser uma putinha ou não, não fazia nenhuma diferença já que os seres humanos são incapazes de sentir.

(…)

A primeira vez que eu encontrei Carla foi um dia após saber da existência dela (ler aqui, “O nome no pedaço de papel”). Liguei para Bianca e ela não atendeu, resolvi tentar a sorte em seu apartamento. Não sabia o que fazer, nunca tinha ido àquele prédio sem ser convidado, meu corpo todo se arrepiava. Subi as escadas correndo, cheguei ao sétimo andar ofegante, apartamento 702 A. Bati na porta: – “Bianca, você está aí? Abre pra mim, por favor, é o Carlos. Eu quero conversar, me desculpe por ontem”.

Depois de mais ou menos três minutos insanos, eu esmurrava a porta e me descabelava os cabelos, berrafa e uivava fronte àquela porta. E então ela se abriu (ainda com o pega ladrão engatilhado), sem pensar duas vezes, enfiei minha cara na fresta que dava para dentro e então escutei uma voz, tão calma como Bianca nunca havia entoado. “O que houve, Carlos”? “Bibi, abre a porta, por favor”. E então a porta se abriu. Fui entrando e fiquei com cara de caneca, sem ter o que falar, literalmente sem ação. Em cima do sofá cama estava a mesma mulher que eu vira beijando Bianca, naquele outro dia (ler aqui “A vida ao avesso”)

(continua)

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Apenas para registro

via Faceboook @luanaoff

Toda vez que eu sinto, eu choro.
Mas o que eu posso fazer se eu preciso sentir,
preciso sofrer e chorar.
Preciso do bom e do mal dessa vida.
Pra provar pra mim mesma que ainda não morri de desgosto.

Escrevo coisas sem sentido enquanto preparo a continuação do último conto, beijos.